Jerónimo de Sousa, no Comício em S. João da Talha, alertou para a inaceitável avalanche de despedimentos colectivos ilegais da parte de empresas, nomeadamente de grandes grupos económicos que transferem todo o fardo da crise para as costas dos trabalhadores para manterem os mesmos níveis de lucro.
Num tempo em que se avolumam graves problemas sociais e enormes injustiças. Num tempo em que se profunda a crise em que o País se encontra, marcada por uma situação de recessão económica com o encerramento de centenas de empresas, paragens na produção, avanço galopante do desemprego, salários em atraso, agravamento da precariedade e quebras nos salários e remunerações dos trabalhadores, nós estamos aqui para vos dizer e dizer ao país que há soluções para os problemas que estamos a enfrentar, que é possível outro rumo para o país. Estamos aqui para reafirmar que os portugueses e o país não estão condenados à regressão, ao declínio e ao atraso, que com a ruptura com a política de direita, com a luta dos trabalhadores e do nosso povo e com o reforço do PCP, é, de facto, possível uma vida melhor.
Há quem queira convencer os portugueses que não há outra saída senão aceitar, conformados, a perspectiva de uma vida em permanente degradação e em retrocesso e que não há alternativa que não seja o de insistir na mesma desastrosa política de direita que o governo do PS/Sócrates prossegue e que já provou que não ser capaz de resolver os problemas do país.
Querem, perante o fracasso das políticas de direita, do fundamentalismo neoliberal dominante e do seu programa político ao serviço do grande capital que trouxeram o caos financeiro, a crise e o aumento das desigualdades sociais, garantir a continuação do processo de concentração e centralização da riqueza que quatro anos de governo do PS alimentaram de forma indigna.
São os mesmos que têm beneficiado dessa política – os grandes senhores do dinheiro, os grandes senhores da alta finança, os grandes grupos económicos – os principais responsáveis pela situação a que o país chegou que, instrumentalizando a crise, dramatizando e encenando o caos, vêm dizer que a única salvação para o país está na recondução de José Sócrates e do seu governo.
Desse mesmo governo que promoveu a mais brutal ofensiva destes últimos anos contra o mundo do trabalho, desprezou e abandonou os sectores produtivos nacionais e o micro pequenas e médias empresas e continuou a política de destruição do tecido económico nacional, trocou o seu anunciado programa de crescimento económico e do emprego, pelo programa de redução do défice à custa de enormes sacrifícios dos trabalhadores e das populações. Esse mesmo governo que conduziu o país à situação económica e social gravíssima que hoje os portugueses enfrentam e que a todo o custo tenta iludir as suas próprias responsabilidades.
Esse mesmo governo que quando os índices económicos variavam positivamente umas décimas vinha logo a terreiro vangloriar-se e puxar dos galões em relação à excelência da sua política, mas que perante uma das mais graves crises no plano económico e social do país desde o 25 de Abril, já nada tem a ver com a situação. Empurram para crise de capitalismo internacional a explicação de todos os graves problemas que o país enfrenta, como se antes de tal crise o país vivesse no melhor dos mundos e o desemprego, a precariedade, a injustiça na distribuição do rendimento nacional, a pobreza, as gritantes desigualdades e a exclusão social fossem realidades deste último ano em Portugal.
O governo do PS confundiu propositadamente a realidade do país com sua própria propaganda. Enquanto a crise avançava e adiavam as medidas necessárias para o seu combate, andavam a anunciar aos sete ventos a sua versão do país de sucesso – um novo oásis – resistente à crise e a toda turbulência que já pairava no horizonte, apostados que estavam em esconder a verdadeira situação do país e os reais resultados de quatro anos da sua governação até às próximas eleições que aí estão em breve.
Foi assim quando já eram evidentes os sinais que o país já estava em recessão. Foi assim no debate do Orçamento de Estado para o presente ano de 2009, enquanto se recusavam as propostas do PCP de emergência e combate à crise e se continuava a dissimular a situação do país com previsões fora da realidade. É ainda assim mesmo agora que já não podem esconder mais a gravidade da situação do país com o Orçamento dito suplementar, que esta semana aprovaram, e cujas medidas de combate à crise continuam aquém das reais necessidades da economia do país e da gravidade da situação social. Uma proposta de Orçamento suplementar que revela a inconsistência da sua política de combate ao défice, agora novamente acima dos 3% e que tanto custou ao país, aos trabalhadores e às populações em termos de investimento e de emprego.
Está aqui também o resultado de uma política que abdicou do combate ao défice pela via segura da criação da riqueza e pela via de uma maior justiça fiscal como nós sempre preconizámos e não apenas pela diminuição da despesa, particularmente da despesa social.
Uma escolha deste governo que se diz de esquerda em palavras, mas que na prática fez a opção que o neoliberalismo dominante impunha e que serviu de pretexto para a grande ofensiva a que assistimos contra os serviços públicos necessários ao bem-estar das populações, nomeadamente na área da saúde e do ensino e contra os rendimentos dos portugueses que vivem do seu trabalho.
De um momento para o outro a tão cantada vitória sobre o défice das contas públicas esfumou-se num ápice, deitando borda fora os sacrifícios dos portugueses que menos podem e menos têm. Não tardará que, a manter-se a actual política e os actuais protagonistas, a seguir aos sacrifícios impostos em nome da crise, regresse novamente o ciclo dos sacrifícios em nome do défice, dando vida a esse circulo vicioso que conduz à extorsão dos pequenos rendimentos e dos rendimentos do trabalho e ao empobrecimento dos portugueses.
Impuseram o sacrifício de tudo, para garantir uma vitória que também já não é e o que deixam depois de quatro anos de governo é um país a braços com problemas e uma situação mais grave do que aquela que o país apresentava no inicio do seu mandato. Um país com mais desemprego e sempre em crescendo e cada dia que passa a assumir novos contornos de gravidade, com a crise a justificar uma inaceitável avalanche de despedimentos colectivos ilegais da parte de empresas. Despedimentos intoleráveis muitos dos quais a pretexto da crise e em relação aos quais o governo não só faz vista grossa, como incentiva com a sua política de destruição de empregos públicos, mais de 50 000 nestes seus anos de governação. Despedimentos em empresas pertencentes, nomeadamente a grandes grupos económicos e com condições financeiras para assegurar a redução temporária da procura, mas que no seu atroz egoísmo transferem todo o fardo da crise para as costas dos trabalhadores, apenas porque querem manter os mesmos níveis de lucro. Uma justificação intolerável daqueles que em tempos de fartos lucros embrulham em palavras bonitas o papel social das empresas para camuflar a exploração capitalista, mas que o renegam à mínima vacilação de uma conjuntura que possa por em causa uma parte mínima dos seus benefícios.
Não é apenas a corticeira do Amorim – o mais rico dos portugueses - veja-se o que se passa aqui na ex- Covina, hoje Saint–Gobain, que aproveita a crise para suspender contratos e por termo à maioria dos contratos temporários e se prepara para avançar com o lay-off durante seis meses. Tudo isto num momento em que vai beneficiar de um contrato de investimento com o Estado português de quase cinquenta milhões de euros para a construção de um novo forno. O mínimo que se exigia era a troco de tal apoio a salvaguarda do emprego.
Mas o governo em vez de agir insiste na sua política de perda de direitos dos trabalhadores e na degradação das relações laborais, com o Código de Trabalho e a legislação para a Administração Pública, alimentando os encerramentos fraudulentos, as falsas situações de dificuldade, as paragens indiscriminadas de produção e as tentativas de implantação do banco de horas.
É preciso travar os abusos, tal como é preciso responder com novas medidas e medidas mais eficazes à manutenção e defesa dos postos de trabalho, particularmente dirigidas às micro, pequenas e médias empresas e responder ao grave problema da inaplicabilidade do subsídio de desemprego a mais de 50% dos que estão nessa situação e que são empurrados para a degradante situação da dependência da caridade e da esmola.
Os portugueses têm direitos, nomeadamente o direito à dignidade e à salvaguarda da exposição a situações de humilhação como está acontecer com o crescente recurso de cada vez mais famílias às instituições de caridade.
Em relação ao subsídio de desemprego é preciso continuar a denunciar e exigir a alteração das regras que o PS promoveu em 2006 e que conduziu a uma drástica restrição no seu acesso e com tais alterações à aberrante situação de vermos crescer o desemprego ao mesmo tempo que diminui o valor destinado aos desempregados, mais de 400 milhões de euros nos Orçamentos de Estado de 2007 e 2009.
O PS rejeitou há dias um projecto do PCP de alteração destas regras e agora anda por aí a apresentar um novo programa para o emprego, a mostrar preocupação com os desempregados. O mesmo programa que apresentou há dois meses e com medidas velhas que pouco provaram também no passado e com outros governos. Um programa mais a pensar nas eleições que aí vêm e nas sessões contínuas de propaganda pelo país na tentativa vã de fazer esquecer que o seu governo foi e é o campeão do desemprego em Portugal do que na realidade por termo à angustia de quem é atirado para o desemprego.
Os desempregados terão agora gabinetes de aconselhamento, como se fosse de conselhos e não urgentemente de emprego o que as centenas de milhares de desempregados precisassem. É a fuga para a frente de quem chega ao fim do seu mandato sem cumprir nenhuma das suas promessas e sem atingir nenhum dos grandes objectivos proclamados. É a tentativa de fazer esquecer as promessas não cumpridas de criação de crescimento económico e desenvolvimento, de mais emprego, de melhoria de condições de vida, incluindo a prometida reforma mínima de 300 euros para todos os reformados.
O governo do PS, na hora do balanço, o que tem para apresentar aos portugueses é um país mais pobre, mais deficitário e mais vulnerável, com enormes desigualdades sociais e maiores desequilíbrios regionais. Mas não é só o desemprego é também a injusta distribuição do rendimento nacional que se agravou nestes últimos quatro, em resultado de uma política de rendimentos e preços que penalizou severamente os rendimentos do trabalho e que, perante a perspectiva do agravamento da crise, se perspectiva acentuar com a pressão para a redução dos salários com a desculpa da defesa do emprego e com os apelos à contenção e ao congelamento dos salários que regressa em força.
Os apelos ao congelamento e à moderação nunca faltam quando se trata de salários, mas são sempre esquecidos quando se trata de congelar preços, a começar pelo próprio governo que em tempo de crise e de dificuldades aumenta as taxas moderadoras dos serviços de saúde. É bom que se diga que o aumento do desemprego e a diminuição do valor real dos salários não são apenas um problema de justiça social e a negação de um direito constitucional, são também o caminho certo para acentuar e prolongar a recessão económica e a crise.
Mas a injustiça revela-se igualmente em relação aos reformados e ao valor das reformas. Este governo do PS que enche a boca com medidas e muitas intenções de combate à pobreza nos idosos foi o mesmo governo que nos últimos anos menos valorizou as reformas mais baixas. Anos negros também para a generalidade dos reformados. Anos marcados pelo brutal ataque ao direito à reforma dos portugueses.
Vêm-se agora com mais nitidez as consequências da sua “reforma” da Segurança Social que está a penalizar duramente os trabalhadores na sua passagem à reforma e os já reformados, tanto do sector privado como do sector público. Daqui para a frente, cada ano que passa vai ser preciso trabalhar mais tempo para ter direito a uma reforma sem penalizações. Quem se reformar este ano vai já ter que trabalhar mais dois a quatro meses se não quiser ver diminuído o valor da sua pensão.
Esta é uma realidade em permanente agravamento com a introdução do factor de sustentabilidade que força os trabalhadores a trabalhar para além dos 65 anos para garantir a reforma a que hoje deveriam ter direito. Tudo feito em nome da sustentabilidade financeira e da importância e necessidade de reforçar os saldos positivos da segurança social, mas que o PS põe em causa com a sua política de desastre social. Justificam-se os cortes nas reformas para salvar a Segurança Social, mas depois é o seu orçamento e não o Orçamento de Estado que acaba por suportar o financiamento das empresas nas suas chamadas medidas de resposta à crise.
É por tudo isto que nos batemos pela imediata revogação do factor de sustentabilidade e por um aumento extraordinário das pensões, cujas actualizações de miséria são também indexadas ao crescimento do PIB – a outra grande solução deste governo para penalizar os reformados.
O governo pode continuar a tentar esconder-se atrás da crise internacional que é real e que afecta de facto o nosso país. Mas a crise internacional não pode iludir a nossa própria crise interna, nem os problemas do país que se arrastam há anos e que conheceram um novo agravamento com o actual governo do PS. Desde logo o insignificante crescimento económico que não só não cria emprego, como nos distancia dos níveis de desenvolvimento dos outros países.
Não foi apenas nos anos dos governos do PSD e CDS-PP que o país estagnou, a estagnação económica continuou nestes quatro anos de governo do PS. O crescimento do PIB entre 2005 e 2008 foi apenas metade dos países da zona euro.
José Sócrates apresenta-se agora como o campeão dos campeões na defesa do investimento público, com a justificação de que o seu reforço permitirá a dinamização do investimento privado e o combate à recessão. Também aqui o governo do PS acordou tarde e sem uma palavra de auto-crítica. Durante quatro anos do seu governo o investimento público recuou cerca de 15% em termos nominais com graves prejuízos para a economia portuguesa e para o necessário e imprescindível relançamento do crescimento económico.
Depois da casa arrombada, vêm a correr a pôr trancas à porta, também aqui apenas para salvarem as aparências e afirmar em tempo de eleições a sua diferença com o PSD à volta da data do início do lançamento da construção da linha do TGV.
Não foi também a crise internacional que empurrou o país para o descalabro em que entraram a dívida pública e a dívida externa do país que aumentou mais de 30% desde 2004 e que faz de Portugal um dos países mais endividados do mundo. Foi a continuação das mesmas políticas de direita que este governo do PS prosseguiu e que tornaram o nosso país ainda mais dependente e subalterno. Hoje o país deve tanto ao exterior quanto o valor da riqueza produzida pelos portugueses durante um ano.
A enorme dívida pública e dívida externa do país reflectem a incapacidade da política de direita para dar resposta adequada aos problemas do desenvolvimento do país, à cabeça dos quais está a defesa e modernização da economia nacional, particularmente dos seus sectores produtivos bem patente no continuo processo de desindustrialização a que assistimos e com a ruína da nossas pescas e agricultura.
Uma política que tem como núcleo central e estruturante as concepções e políticas dominantes que orientam a globalização capitalista, das liberalizações, do monetarismo e da financeirização em detrimento da economia real, das privatizações, do menos Estado que, aqui em Portugal, o PSD e PS assimilaram e assumiram e que se revelaram um desastre num país que partia com enormes atrasos em relação ao conjunto das economia desenvolvidas. Políticas que colocaram, como muitas vezes o dissemos, a frágil panela de barro que era a economia portuguesa na trajectória da panela de ferro das grandes economias capitalistas.
Os resultados estão à vista e, a não haver uma política alternativa, o país continuará o desastroso caminho do declínio e do atraso, agora numa situação ainda pior atolado numa recessão de consequências sociais desastrosas e brutalmente penalizadoras das condições de vida dos trabalhadores e do povo português.
A dupla crise com que o país está confrontado coloca como um aspecto central a ruptura com a política de direita e a exigência de construção de uma política alternativa de esquerda que tenha como principais objectivos a melhoria das condições de vida dos trabalhadores e da população, a dinamização da actividade económica, a criação de emprego e defesa dos postos de trabalho, um combate persistente aos défices estruturais do País. Mas também medidas eficazes de combate imediato aos problemas mais urgentes e aos quais o plano “anti-crise” do governo para salvar o grande capital não respondem.
O chamado plano “anti-crise” revela-se, de facto, incapaz de responder aos problemas e serve sobretudo para ocultar que as reais medidas tomadas pelo Governo destinaram-se essencialmente a apoiar o capital financeiro, como pode ser comprovado pelos 20.000 milhões de euros de garantias do Estado atribuídas à Banca, a injecção de mais de 4.000 milhões de euros, ou a nacionalização dos prejuízos do Banco Português de Negócios.
É perante uma realidade económica e social em permanente degradação e a ineficácia dos planos anti-crise que os portugueses não vêm e não sentem na resolução dos seus problemas que o nosso Comité Central, nesta sua última reunião que terminou no passado dia 1 de Fevereiro, avançou com um conjunto de medidas de urgência para dar resposta aos graves problemas sociais dos trabalhadores, das populações e à situação das micro, pequenas e médias empresas, mas também para impulsionar o investimento público e combater a recessão.
No que se refere aos problemas sociais salientam-se as proposta de aumento dos salários e pensões, incluindo do salário mínimo nacional e das prestações sociais do Estado, em particular, aos trabalhadores atingidos pelo desemprego, a fiscalização rigorosa do recurso ao Lay-off, a suspensão dos despedimentos na administração pública, um plano nacional de combate à precariedade e a interrupção do processo de descapitalização da segurança social.
Em relação à situação do micro, pequenas e médias empresas realçam-se as propostas do congelamento dos preços na energia, das telecomunicações e das portagens, a eliminação do Pagamento Especial por Conta para as pequenas empresas, uma maior extensão da aplicação do “IVA de caixa” e a imediata concretização do plano de pagamentos das dívidas do Estado às pequenas e médias empresas.
Hoje, perante o agravamento da crise financeira os problemas do crédito exigem uma acção firme e determinada da parte dos poderes públicos de forma a garantir uma política de crédito ao serviço da economia e do desenvolvimento do país. É preciso responder com urgência ao sufoco e ao estrangulamento da economia pela via da restrição e do custo do crédito. Também nesta matéria é preciso uma resposta que vá ao encontro das reais necessidades da economia nacional.
Por isso o nosso Partido avança com a proposta da intervenção do Estado por via da Caixa Geral de Depósitos para a rápida concessão de crédito e seguros de crédito às micro, pequenas e médias empresas, bem como o accionamento de medidas junto do sector financeiro com vista à fixação administrativa dos limites máximos das margens (spread), das comissões, das taxas de juro, e das condições de acesso ao crédito por parte das empresas e particulares.
Medidas também para impulsionar o investimento público com o reforço dos meios financeiros das autarquias para um rápido investimento público com reflexos no curto-prazo nos planos do emprego, a dinamização do investimento público da Administração Central, dirigida ao estímulo da economia local e dos sectores económicos a ele ligados e reforço, o desbloqueamento ou antecipação de verbas comunitárias destinadas ao apoio aos sectores produtivos nacionais.
Da nossa parte, da parte do PCP, reafirmamos aos trabalhadores e o povo português que o nosso país tem futuro e que há políticas e propostas alternativas para combater a crise e promover o desenvolvimento de Portugal.
É bem verdade que o país está em recessão, mas a crise não é para todos. Os privilégios dos senhores do dinheiro continuam intocáveis! Os lucros continuam, apesar da choramingueira que por aí anda.
Só durante os nove primeiros meses do ano de 2008, os lucros dos 9 principais grupos económicos foram superiores a 4000 milhões de euros e, entre esses grupos, estão os 5 principais bancos que alcançaram mais de 1500 milhões de euros de lucros. Mas não são apenas os lucros, são os amplos benefícios fiscais e os apoios directos e indirectos de dinheiros públicos que representam milhares de milhões de euros de ajuda directa aos banqueiros que se livraram dos prejuízos das suas actividades especulativas.
Banqueiros que dizem que os milhões disponibilizados pelo Estado ainda não chegam, como esta semana o afirmaram Ricardo Salgado e João Salgueiro. Querem o reforço das garantias públicas e querem dinheiro fresco. Está cada vez mais claro que o Governo não está a salvar os bancos, está a beneficiar os banqueiros e os grandes especuladores, enquanto deixa o conjunto das actividades económicas ainda mais endividadas.
O Estado emite dívida pública para favorecer os banqueiros, para depois mais à frente vir outra vez pedir sacrifícios para melhorar o défice orçamental, juntamente com a cantilena de que vivemos acima das nossas posses. Os que ganharam milhões no casino da bolsa, agora que perderam algum querem que seja o cidadão comum através dos impostos que lhes paguem o que perderam!
E, na verdade, com grandes hipóteses de verem satisfeitas as suas exigências pelo que vamos vendo com o Banco Central Europeu e a Comissão Europeia a abrirem as portas às suas pretensões. Falam na necessidade de criar o que chamam de “bad banks” ou seja “bancos maus”, bancos criados com dinheiros públicos com um único objectivo comprar as acções desvalorizadas e os títulos adquiridos na especulação que hoje valem zero. Comprar é como quem diz, querem o dinheiro que jogaram na roleta dos mercados financeiros a troco de nada, porque nada vale muito do seu papel que querem vender para limpar como dizem de “activos tóxicos” os balanços dos seus bancos.
Por cá talvez não precisem de criar um banco novo para tal fim, serve-lhes a Caixa Geral de Depósitos que, não tarda, estará transformada num desses bancos.
Ainda agora soubemos que afinal o buraco no BPN é de 1 800 mil milhões de euros, metade do necessário para construir o novo aeroporto. É preciso dizer muito claramente que as manobras que estão em curso para recompensar os especuladores e até os criminosos, deixando inclusive na impunidade banqueiros e gestores não podem passar. É preciso dizer, desde já, não à escandalosa extorsão de dinheiros públicos que anda em preparação!
É cada vez mais justa e imperiosa a nossa exigência – a exigência de quem defende uma política alternativa para o pais – do controlo dos sectores estratégicos da economia nacional, nomeadamente do sector financeiro para os colocar ao serviço do país e não a reboque dos interesses de uma minoria que condena o país e os portugueses ao atraso.
Face à profunda ofensiva social, política e ideológica que tem como objectivo a criação de condições para a interiorização da crise e a imposição do desanimo e a resignação é na luta dos trabalhadores e das populações que reside a resposta para impor uma mudança de rumo na política nacional.
O PCP apela aos trabalhadores para que respondam a esta ofensiva e que lutem pela resolução dos seus reais problemas. Uma luta que, sendo difícil e exigente, é decisiva para travar a crise e melhorar as condições de vida dos trabalhadores e das populações.
A jornada de luta convocada pela CGTP-IN, sob o lema “Mudar de rumo, mais emprego, salários e direitos”, para o próximo dia 13 de Março em Lisboa, assume-se desde já como um grande momento da luta de todos os que são atingidos por esta política. Uma luta em relação à qual o PCP manifesta o seu apoio, apelando a uma ampla participação e demonstrando a sua solidariedade a todos os trabalhadores e sectores que não se resignam perante o agravamento dos problemas. O mesmo apoio a todas lutas que têm sido travadas e às que estão em preparação, com destaque para as lutas dos jovens, nomeadamente em torno do dia do Estudante a 24 de Março e do dia da Juventude a 28 de Março com manifestação de jovens trabalhadores promovida pela CGTP-IN e a Interjovem.
Toda a evolução negativa do país e da vida dos portugueses coloca com cada vez mais premência a questão da necessidade da afirmação de uma alternativa política e de uma política alternativa à política de direita, que se coloque ao serviço dos trabalhadores, do povo e do país.
As três batalhas políticas eleitorais deste ano constituem um momento e oportunidade para uma clara condenação da política do governo do PS e para afirmação dessa necessária alternativa que ponha termo ao rotativismo dos partidos que têm governado nestas últimas três décadas, no essencial aplicando as mesmas políticas e as mesmas soluções que conduziram o país à estagnação e ao retrocesso.
Um momento para todos aqueles que protestam e lutam em defesa dos seus direitos e conquistas sociais reforçarem a força sempre solidária e combativa que é este Partido Comunista Português, que esteve sempre do seu lado e ao seu lado nos combates pela dignificação do trabalho e dos trabalhadores, em defesa dos reformados e dos direitos dos jovens e das mulheres, dos micro e pequenos empresários, dos agricultores, contra a injustiça e as desigualdades.
Deste PCP que, com os Verdes, a Intervenção Democrática e muitos milhares de pessoas sem partido, dá vida à CDU – à Coligação Democrática Unitária, que se afirma, com redobrada actualidade, como o grande espaço de convergência democrática e alternativa política dos que exigem uma ruptura com a política de direita e uma inequívoca e consistente política de esquerda para o país.
Uma inequívoca política de esquerda e não as falsas soluções ensaiadas, nomeadamente pelo PS que, perante o fracasso das suas políticas e das políticas do capitalismo internacional e das receitas neoliberais que abraçou, simula agora uma viragem à esquerda, para passadas as eleições retomar com mais força a sua ofensiva global contra os trabalhadores, as camadas populares e as condições de vida do nosso povo.
É por isso que nós dizemos e apelamos a todos os que querem abrir as portas à construção de uma alternativa política de esquerda que dêem força e apoiem a CDU, a única força que tem provado pela intervenção das suas componentes, pela coerência do seu projecto e realização dá garantia de um novo rumo para Portugal em ruptura com a política de direita.
É por isso que com toda a convicção nos apresentamos ao povo português a dizer:
- Sim é possível uma vida melhor para quem trabalha, lutando em defesa de direitos individuais e colectivos, contra o desemprego e a precariedade, por melhores condições de trabalho;
- Sim é possível: reformas e pensões mais dignas, melhor protecção na doença e na velhice e às pessoas com deficiência; reforçar o sistema de segurança social público e universal;
- Sim é possível uma outra política para a juventude no trabalho, na escola, na habitação, onde possam construir com estabilidade e felicidade o seu futuro;
- Sim, é possível um ensino democrático, uma escola pública, gratuita e de qualidade determinada pela formação integral do indivíduo;
- Sim, é possível um Serviço Nacional de Saúde universal geral e gratuito ao serviço dos portugueses e não ao serviço dos privados e do lucro;
- Sim, é possível defender a nossa indústria, a nossa agricultura e as nossas pescas, o pequeno comércio pondo fim à liberalização e às privatizações;
- Sim, é possível recuperar a nossa soberania económica e manter a soberania nacional dando combate e recusando uma Europa neoliberal, monetarista, federalista, propondo uma Europa de nações livres e iguais, uma Europa dos trabalhadores e dos povos.
Com a luta dos trabalhadores e das populações, com o reforço do PCP e nos importantes combates eleitorais que se aproximam com o reforço da CDU, tudo haveremos de fazer para conseguir a mudança de rumo necessária e concretizar o objectivo de uma vida melhor para os portugueses!
Esse é o grande objectivo pelo qual estamos a lutar e vale a pena lutar!
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