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A simultaneidade do caso Portucale e a barafunda no PSD em torno de Valentim Loureiro e Isaltino Morais coloca problemas de efectiva gravidade. A questão é estar-se face a um panorama que legitimamente alimenta as piores reacções da opinião pública face à política e aos políticos corrupção, enriquecimentos indevido, financiamentos partidários comprometedores, enfim, não falta quase nada de quanto tem contribuído para desacreditar o funcionamento democrático. Contudo, nos presentes casos há um aspecto que torna, se possível, tudo um bocado pior é a inconsciência, a desvergonha, o completo desplante ou disparate que envolve os casos. Que a Polícia encontre a minuta de um despacho ministerial escrito no papel timbrado da firma beneficiária e nos seus escritórios, que se invoque um parecer técnico que nunca existiu para justificar a medida, que se troquem datas de assinaturas, só se explica pela existência de um ofensivo e intolerável sentimento de impunidade. Claro que, ouvindo um dos ministros envolvidos, Telmo Correia, dizer que se soubesse o que sabe hoje não teria assinado o papelinho leva a admitir que, além do sentimento de impunidade, também houve pura e simples patetice e inabilidade – o que apenas torna as coisas ainda piores! As acusações a Marques Mendes debitadas anteontem na SIC por Isaltino Morais são outro exemplo de tornar péssimo o que já era mau. Seja ou não verdade o que foi dito, a imagem que o "candidato independente" a Oeiras deixou foi a do ambicioso desaustinado que não recua perante nada para atingir os seus fins. Uma vergonha. |