O PCP realizou um Encontro Nacional sobre Protecção Civil que, para além de analisar a situação e a política nacional na área da Protecção Civil, as suas estruturas, organizações de suporte e respectivo funcionamento, o papel específico dos Bombeiros nesta área e a acção e intervenção do Partido, para uma protecção civil inteiramente ao serviço das populações, adoptou um Documento onde se apresentam 30 medidas para a concretização de uma nova política de protecção civil que aposte na prevenção e no combate aos riscos para a segurança e protecção das populações.
RESOLUÇÃO DO ENCONTRO NACIONAL DE
QUADROS DO PCP,
SOBRE PROTECÇÃO CIVIL
I
•O Encontro Nacional
de Quadros do PCP sobre Protecção Civil, reunido em 13 de Outubro de 2007, no
Centro de Trabalho da rua Soeiro Pereira Gomes, em Lisboa, analisou a situação
e a política nacional na área da Protecção Civil, as suas estruturas e
organizações de suporte e respectivo funcionamento, o papel específico dos
Bombeiros nesta área e a acção e intervenção do Partido, para uma protecção civil
inteiramente ao serviço das populações.
•O Encontro decidiu
adoptar o Documento Base, como documento de apoio à actividade do Partido na
área da protecção civil, tendo em conta o valor do seu conteúdo e
sistematização da análise e propostas, a desenvolver e a enriquecer com a acção
futura das organizações do Partido.
•O Encontro concluiu
que a situação da protecção civil em Portugal está longe de cumprir o papel que
lhe é definido na Lei de Bases, sendo que:
a)
ao contrário do que seria necessário e indispensável, com os
sucessivos governos nos últimos 30 anos e, hoje, com o Governo PS, a actividade
de protecção civil não assumiu o carácter permanente, multidisciplinar e plurisectorial,
que a deveria caracterizar;
b)
está por assegurar a articulação entre as centenas de
instituições que integram o sistema;
c)
a actividade da ANPC - Autoridade Nacional de Protecção Civil
(como já acontecia antes com o SNB e com o SNBPC) tem vindo a ser
sistematicamente centrada nos fogos florestais, com a decorrente desvalorização
das demais componentes;
d)
a estrutura da Protecção Civil aos diversos níveis -
nacional, regional e local - não tem condições para uma resposta eficaz, global
e integrada;
e)
falta uma política que aposte na questão central que é a
prevenção e a educação para a prevenção de riscos;
f)
persiste uma orientação de militarização do Sistema de
Protecção Civil, particularmente na linha de comando, subestimando-se o seu mais organizado e
dedicado contingente que são os Bombeiros portugueses;
g)
o governo PS tem vindo a obstruir a democratização da
Protecção Civil, não envolvendo no debate sobre esta matéria, todos os agentes
e entidades interessadas;
h)
o Sistema de Protecção Civil, surge subfinanciado no
orçamento de Estado, em todas as suas vertentes, designadamente da área da
prevenção;
i)
a situação dos recursos humanos, designadamente dos
profissionais dos diferentes sectores da protecção civil, carece de
regulamentação específica e urgente que defina as respectivas carreiras, estatutos sociais e formação.
II
Neste quadro de
avaliação, o Encontro Nacional de Quadros do PCP sobre Protecção Civil,
apresenta 30 medidas que considera essenciais para a concretização de uma nova
política de protecção civil, que aposte na prevenção e no combate aos riscos
para a segurança e protecção das populações, de uma forma sustentada.
1.
Integrar a Protecção Civil como elemento obrigatório dos
diferentes instrumentos de planeamento e ordenamento do território e
urbanístico, designadamente os Programa Nacional da Política de Ordenamento do
Território (PNPOT), Planos Regionais de Ordenamento do Território (PROT's) e
Planos Directores Municipais (PDM's);
2.
Promover uma acção permanente de sensibilização e informação
sobre a redução de riscos, junto das populações;
3.
Integração da
protecção civil nos currículos de todos os níveis de ensino e nas actividades
extra - curriculares, designadamente no Ensino Básico;
4.
Assinalar o Dia Internacional da Protecção Civil (1 de
Março) com acções de sensibilização da população para todos os aspectos
relacionados com a protecção civil, nomeadamente os riscos e programação das
situações de emergência;
5.
Revogar a decisão do Governo de não apoiar a construção de
quartéis e exigir, após avaliação das necessidades, a sua participação na
manutenção, remodelação e ampliação dos mesmos;
6.
Criar um programa transparente de renovação de equipamentos,
dos Bombeiros Portugueses, incluindo o recurso às novas tecnologias de
comunicação e informação;
7.
Assegurar às Associações Humanitárias de Bombeiros
Voluntários, para além do financiamento do Orçamento de Estado, uma percentagem
do Euromilhões direccionada para a sua actividade;
8.
Unificar, num mesmo ministério, a tutela governamental da
actividade dos bombeiros;
9.
Alargar a rede de Viaturas Médicas de Emergência e
Reanimação (VMER) a todo o País;
10.
Instalação de postos de emergência médica em todos os
concelhos do País;
11.
Equiparar os valores monetários a atribuir pelos serviços de
emergência pré hospitalar, prestados pelos bombeiros, aos valores de idênticos
serviços prestados pelas ambulâncias e equipas do INEM.
12.
Assegurar a manutenção do carácter público, assim como o
envolvimento dos Bombeiros, nos serviços de Emergência Médica;
13.
Regularizar a situação dos profissionais e voluntários da
protecção civil, em todos os sectores, designadamente criando as carreiras específicas
nas autarquias locais;
14.
Assegurar a formação adequada e continuada no tempo, a todos
os agentes que intervêm na protecção civil;
15.
Pôr cobro ao impacto, na protecção civil, do Plano de
Reforma da Administração Central do Estado (PRACE), com o qual o governo
pretende extinguir centenas de postos de trabalho correspondentes a
trabalhadores que desempenham, funções de primeira intervenção no combate a
incêndios florestais;
16.
Criar condições (recursos, meios, respeito pela
responsabilidade dos presidentes de Câmara) para que os municípios possam
dirigir o processo de protecção civil, na sua área de responsabilidades;
17.
Dotar as Câmaras Municipais com Bombeiros Profissionais
(municipais ou sapadores), dos meios financeiros necessários à sua actividade,
tendo em conta a extinção do imposto de incêndio que fez com que as câmaras
municipais deixassem de ter receitas próprias para esta área;
18.
Promover a cabal aplicação da Lei de Bases da Política
Florestal e assegurar a reflorestação das áreas ardidas;
19.
Dotar as áreas protegidas, em particular as que têm área
florestal, dos adequados meios de vigilância, socorro e combate aos incêndios
florestais e a outros acidentes, incluindo os meios aéreos;
20.
Direccionar e rentabilizar recursos financeiros de programas
comunitários, de forma convergente, para o desenvolvimento da política nacional
de protecção civil;
21.
Dotar a Protecção Civil, a sua estrutura e parceiros, a
todos os níveis, de meios e recursos técnicos, financeiros e humanos inerentes
à sua missão;
22.
Actualizar os valores de seguros de acidentes pessoais dos
bombeiros e outros agentes da protecção civil;
23.
Criar de forma alargada a todos os agentes da protecção
civil, a cobertura com seguros de vida;
24.
Apoiar, de forma célere, os diferentes agentes, serviços e
instituições de protecção civil, reembolsando o valor do IVA, na aquisição de
materiais e equipamentos indispensáveis à sua missão;
25.
Assegurar uma ampla participação de todos os agentes da
Protecção Civil e da população em geral, num debate público sobre a adequação
da legislação recentemente aprovada, e respectiva regulamentação em curso,
alargando o debate para além dos grupos de trabalho constituídos junto do
Governo;
26.
Exigir a actualização da legislação direccionada para a
prevenção e combate aos riscos Tecnológicos, designadamente nas empresas e nos
grandes complexos industriais e zonas envolventes;
27.
Democratizar e desmilitarizar a Protecção Civil, valorizando
a acção dos diferentes agentes e instituições, designadamente os Bombeiros de
Portugal, a sua Confederação (Liga de Bombeiros Portugueses) e das Autarquias
Locais;
28.
Promover estudos científicos e elaborar cartas de risco e
planos de emergência sísmica e socorro, nomeadamente nas áreas de Lisboa, Vale
do Tejo, Algarve e Açores, com o objectivo prevenir e intervir para minorar os
efeitos negativos em pessoas e bens, em situação de catástrofe;
29.
Dotar toda a costa portuguesa de meios e equipamentos de
prevenção e combate a acidentes e catástrofes no mar, de que resultem risco
para o ambiente, poluição marítima e para a segurança de pessoas e bens;
30.
Assegurar a articulação das diferentes entidades que
intervêm nas actividades portuárias, designadamente das Administrações dos
Portos, no investimento em meios de prevenção e combate aos riscos, nos portos
portugueses.
***
A Protecção Civil é
uma questão central para o desenvolvimento económico e social do País e para as
populações, matéria em que o PCP está em condições de dar um contributo próprio
e insubstituível, com propostas justas, com o pensamento sempre presente na
defesa da segurança e da vida humana.
O Encontro de
Quadros do PCP sobre Protecção Civil apela ao empenhamento das organizações dos
diferentes sectores do Partido e de todos os militantes, nas questões
relacionadas com a protecção civil, como uma tarefa a que devemos dar resposta,
sendo necessário encontrar as soluções adequadas, quer ao nível de quadros,
quer ao nível organizativo, promovendo a discussão colectiva nos organismos e envolvendo
os camaradas mais directamente ligados aos problemas e responsabilizando
camaradas por esta área, a nível de direcção distrital e concelhia.
Lisboa, 13 de
Outubro de 2007
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