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Reunião do Comité Central do PCP
Reunião do Comité Central do PCP
Domingo, 23 Setembro 2007

Foto Reunião do Comité Central do PCPNa apresentação das principais conclusões da reunião do Comité Central do PCP, o Secretário-Geral sublinhou o extraordinário êxito da Festa do “Avante!” apesar da violenta e inaceitável campanha anti-democrática que lhe foi movida e chamou a atenção para o continuado agravamento das condições de vida dos trabalhadores e da população em geral. Jerónimo de Sousa destacou ainda a realização Conferência Nacional do PCP sobre Questões Económicas e Sociais e anunciou a aprovação do projecto de Texto base para discussão nas organizações do Partido.
Resolução do Comité Central do PCP 

 

 

 

Declaração de Jerónimo de Sousa, Secretário-geral do PCP,
sobre a reunião do Comité Central
23 de Setembro de 2007

 

O Comité Central do PCP nesta sua reunião analisou a situação económica e social do país e definiu as principais tarefas do Partido no plano da luta e da intervenção partidária, tendo decidido sobre aspectos da preparação e do texto base da Conferência Nacional sobre Questões Económicas e Sociais.

O Comité Central num breve balanço que realizou à 31ª edição da Festa do “Avante!” sublinhou o seu extraordinário êxito que mais uma vez a confirma como a maior iniciativa de carácter político-cultural do país, apesar da violenta e inaceitável campanha anti-democrática que foi movida contra a Festa e contra o Partido. Êxito que é indissociável do enorme empenho de milhares de militantes e amigos do PCP e da JCP e das sólidas convicções que animam a intervenção e a luta do PCP.

O Comité Central na análise à evolução da situação económica e social do país chamou a atenção para o continuado agravamento das condições de vida dos trabalhadores e da população em geral, bem patente no crescimento da insegurança e precariedade no emprego, no aumento do desemprego e do custo de vida, na redução do valor real dos salários, reformas e pensões.

O Comité Central mais uma vez chama a atenção para as consequências da política de direita do Governo PS que está na raiz da situação que o país vive, designadamente a manutenção de baixos níveis de crescimento económico e na perpetuação do modelo de desenvolvimento assente em elevados níveis de exploração, baixos salários e qualificações.

No agravamento da situação económica e social assume particular relevância o continuado aumento das taxas de juro, nomeadamente em empréstimos à habitação, mercê das orientações do sector bancário e que conta com a absoluta complacência do Governo PS. As políticas sectoriais que influenciam a vida da população em geral, têm particular incidência nas camadas mais jovens e nos direitos da juventude.

Para centenas de milhar de jovens as dificuldades no presente e as incertezas face ao futuro aumentam com os ataques à escola pública com destaque para o Regime Jurídico do Ensino Superior, o Estatuto do Aluno do Ensino Não Superior, os exames nacionais e o Processo de Bolonha, mas também com os ataques aos serviços públicos de saúde e segurança social e com as enormes dificuldades criadas no acesso à habitação, agravadas agora pelas alterações do Incentivo ao Arrendamento Jovem, das quais o Grupo Parlamentar do PCP já pediu a apreciação parlamentar.

O Comité Central deu particular atenção à grave ofensiva que o governo do PS tem em preparação, contra os direitos dos trabalhadores com a introdução da flexigurança, apresentada como mais uma inevitabilidade e que tem como objectivo favorecer o grande patronato, nomeadamente com a generalização do trabalho sem direitos e a desregulamentação dos direitos individuais e colectivos. 

O Comité Central avaliou a abertura do ano lectivo, tendo chamado à atenção para a enorme operação de propaganda do Governo, com o objectivo de desviar a atenção dos portugueses das suas fortes responsabilidades na actual degradação do sistema educativo, de que são exemplo: o encerramento de mais de duas mil escolas do 1º ciclo do ensino básico em dois anos; a desestabilização do corpo docente com as alterações introduzidas no Estatuto da Carreira e o concurso de colocação de professores que deixou no desemprego mais 10 mil docentes do que no ano anterior.

É no quadro da continuada acção de denúncia das políticas do Governo e de apresentação das propostas do PCP na Assembleia da República que assume especial importância a realização, nos dias 9 e 10 de Outubro, em Évora, das Jornadas Parlamentares do PCP, debruçando-se em particular sobre as questões da educação.

Na saúde, prossegue e intensifica-se o processo de desmantelamento do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e de privatização de serviços públicos de saúde. As recentes declarações do Governo no sentido de entregar a privados a gestão clínica dos novos hospitais construídos em Parceria Público Privada, bem como o anúncio para breve da criação de Unidades de Saúde Familiares privadas estão aí para o comprovar.

O Comité Central saudou a luta das populações em defesa do SNS. Luta que, como foi demonstrado ontem, se vem afirmando como a mais sólida garantia na defesa do direito à saúde.       

Também na área da Justiça, a política do Governo PS, tutelada pelo “Pacto” negociado com o PSD, continuou a agravar os problemas – morosidade, elevadíssimas custas e taxas, apoio judiciário inexistente, situação escandalosa na Justiça do trabalho. Sem resolver os problemas, o Pacto PS/PSD serve objectivos e estratégias que visam limitar o poder judicial face ao poder económico e político dominante e enfraquecer o combate à grande criminalidade económica e à corrupção. Está nessa linha a revisão do Código de Processo Penal, aprovado pela maioria PS/PSD e que teve a oposição e o voto contra do PCP.

O Comité Central considera inaceitável a continuada acção punitiva sobre militares que, no âmbito sócio-profissional, exigem justiça e a resposta aos seus problemas, e mostra a sua apreensão pelas consequências que tal terá para a coesão e disciplina nas Forças Armadas.

O Comité Central chamou a atenção para a continuada ofensiva contra a democracia e que se traduz em cada vez mais frequentes actos de intolerável limitação de direitos e do exercício das liberdades de acção política e sindical.

O Comité Central alertou para as negociações que PS e PSD prosseguem com vista à alteração das leis eleitorais para as Autarquias Locais e para a Assembleia da República e que visam, no plano das autarquias, atacar o funcionamento democrático dos órgãos executivos e, no plano da Assembleia da República, reduzir a representação e a pluralidade das forças políticas, forçando a bipolarização, seja por via dos círculos uninominais, seja pela redução do número de deputados.

O Comité Central salientou as crescentes preocupações com as prioridades da Presidência portuguesa do Conselho da União Europeia. É particularmente grave a insistência na recuperação do conteúdo essencial da rejeitada Constituição Europeia, através do Tratado que pretendem aprovar em Outubro no Conselho, em Lisboa.

O Comité Central do PCP reafirma a sua oposição a estas propostas e insiste na necessidade de um debate pluralista sobre o conteúdo do Tratado dito Reformador e na consulta ao povo português, através da realização de um referendo nacional.

O Comité Central sublinha a importância da luta dos trabalhadores e das populações no quadro de profundas dificuldades económicas, sociais e da ofensiva contra o exercício dos seus direitos e deu particular relevo ao significado da grande manifestação nacional convocada pela CGTP-IN para 18 de Outubro, no Parque das Nações, em Lisboa, apelando aos militantes comunistas e simpatizantes, aos trabalhadores e ao povo português para que participem e se empenhem na mobilização desta grande jornada de luta contra a ofensiva do Governo e do grande capital e pela exigência de mudança de política.

O Comité Central apontou também como principais direcções de trabalho a intensificação do trabalho de reforço da organização do Partido e, entre outras, a continuação da preparação da Conferência Nacional do PCP sobre Questões Económicas e Sociais, a partir desta reunião em fase de discussão do projecto de resolução política e de eleição de delegados e a concretização da campanha nacional do PCP “Basta de injustiças! Mudar de política para uma vida melhor!”, contra o desemprego, a precariedade, a flexigurança, as injustiças e desigualdades sociais.

A realização da Conferência Nacional, cujo projecto de Texto base para discussão nas organizações será submetido à aprovação do Comité Central, constitui um importante contributo para a identificação das políticas que estão na origem do agravamento dos problemas nacionais e dos responsáveis pela sua aplicação, apresentando-se a política alternativa para devolver o país alicerçada na:

I)    ruptura com os eixos centrais das orientações políticas, económicas  e sociais de direita;
II)    clara explicitação dos objectivos de desenvolvimento económico e social que uma política alternativa deve visar;
III)    afirmação e concretização de uma política económica e social que, centradas no interesse nacional e na elevação das condições de vida, projecte a resolução dos principais problemas económicos e sociais. 

A preparação da Conferência Nacional está a permitir uma ampla reflexão de todo o Partido e a concretização de uma análise global e integrada dos problemas económicos e sociais do país, a partir do aprofundamento do conhecimento das suas estruturas sócio-económicas, das suas actuais dinâmicas e do seu enquadramento internacional.

Com a Conferência Nacional vamos demonstrar que as dificuldades que o País enfrenta não são uma fatalidade ou simples resultado de conjunturas externas, mas sim a expressão das opções de classe dos sucessivos governos, cujas políticas têm servido uma estratégica de reconstituição do poder económico pelo grande capital que conduziram o País ao declínio, à estagnação económica, ao retrocesso social e ao avolumar das injustiças.

Portugal não está condenado ao definhamento do seu aparelho produtivo, à persistência dos défices energético e alimentar, a um modelo de desenvolvimento assente em baixos salários e na fraca incorporação científica e tecnológica no processo produtivo, à crescente dependência das orientações da União Europeia e dos interesses que a comandam.

Assumindo, com a realização da Conferência Nacional sobre Questões Económicas e Sociais, as suas responsabilidades perante o país, o PCP pretende dar expressão às expectativas, confiança e esperança que os trabalhadores e o povo nele depositam.

A Conferência Nacional do PCP sobre Questões Económicas e Sociais constitui em si uma inequívoca afirmação de confiança num País de progresso, equilibrado, com mais justiça social, soberano e independente.