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Que se saiba, o Dr. Jorge Coelho é, presentemente, tão-só "coordenador do PS para as eleições autárquicas", ou seja, uma função exclusivamente partidária. Que se saiba, o Dr. Jorge Coelho não tem quaisquer funções governativas, ou seja, não participa nas reuniões governamentais, não tem acesso generalizado aos documentos em que se baseia ou consubstancia a actividade governativa, não entra e sai a seu bel-prazer dos gabinetes ministeriais. Entretanto, o mesmo Dr. Jorge Coelho esteve num "jantar-comício" para a apresentação do candidato socialista à Câmara de Faro e, declarando-se "portador de uma mensagem do secretário-geral do PS", anunciou aos mil socialistas e comensais presentes que "não haverá portagens na Via do Infante e que o Hospital Central do Algarve será construído". Que se saiba, não está nas atribuições e capacidades do secretário-geral do PS decidir sobre a aplicação de portagens, bem como o construir hospitais. Trata-se manifestamente de funções que, por um lado, cabem ao Governo e, por outro, claramente são do interesse de todos os portugueses e, no caso vertente, em particular de todos os algarvios. É assim difícil de compreender como é que o tão-só "coordenador do PS para as eleições autárquicas" não apenas tem acesso em primeira-mão a estas decisões governativas, como o motivo por que o Governo delas não informa os cidadãos em geral, mas opta por delegar num mero funcionário partidário a divulgação dos seus projectos num gastronómico tête-à-tête farense e socialista. Em matéria de sentido de Estado, o PS é, realmente, um caso perdido. |