Intervenção de João Ferreira no Parlamento Europeu

Acordo UE-Marrocos sobre a liberalização das trocas comerciais de produtos agrícolas e da pesca

Este é mais um acordo que beneficiará poucos em prejuízo de muitos, de ambos os lados do Mediterrâneo.

Ganham grandes grupos económicos europeus (da grande distribuição e não só), as multinacionais exportadoras, que assim conquistam novos mercados e acedem a mão-de-obra barata, bem como à possibilidade de melhor contornar normas sociais, laborais e ambientais, em vigor nos países europeus.

Perdem os produtores europeus, em especial os pequenos e médios produtores de culturas tipicamente mediterrânicas, nomeadamente na área das frutas e legumes, já que este acordo acentuará a pressão já hoje sentida para a baixa dos preços na produção e as dificuldades sentidas por muitos produtores para escoamento dos seus produtos.

Perde a agricultura familiar, que passa a enfrentar a concorrência de modelos de produção intensivos, de cariz exportador. Modelos que ameaçam a sustentabilidade ambiental, a viabilidade dos mercados regionais e locais, a soberania alimentar e que degradam a qualidade e segurança alimentares. Por estas razões, perdem também os consumidores e as populações.

Além do mais, com este Acordo, a Comissão insiste em ignorar o problema do Sara Ocidental, ilegalmente ocupado à luz do direito internacional.

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