Declaração de voto de João Ferreira no Parlamento Europeu

Acordo UE-Marrocos sobre a liberalização das trocas comerciais de produtos agrícolas e da pesca

Esta resolução é mais profissão de fé no livre comércio. Insiste-se “que a abertura dos mercados e a progressiva integração no mercado interno da UE podem constituir instrumentos poderosos para o desenvolvimento dos países do Sul do Mediterrâneo e ajudar a minorar a pobreza e o desemprego generalizados, que estão na origem de problemas económicos, migratórios e de segurança na região”.

Argumentos estafados, repetidos ao longo dos anos, em numerosas circunstâncias, e que a realidade teima em contrariar. Inclusivamente dentro da própria UE, onde a abertura e a integração capitalista dos mercados de economias com grau muito diverso de desenvolvimento, levou ao aprofundamento de desigualdades.

De resto, não falta aqui nem a retórica da “Primavera Árabe”, esquecendo a repressão que continua a ser exercida pelo regime marroquino sobre o povo sarauí. Esquecendo a ocupação ilegal do território do Sara Ocidental. Esquecendo que mesmo outros países, como os EUA, que assinaram acordos comerciais similares com Marrocos prevêem, explicitamente, a exclusão de produtos originários do Sara Ocidental – o que a UE não faz.

É significativo que deputados da direita – portugueses, espanhóis e italianos (os países cujos agricultores serão mais afectados) – tenham votado contra este acordo. Mesmo tendo igualmente, noutras ocasiões, igualmente as maravilhas do livre comércio...

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