Pese embora a estafada retórica sobre um suposto novo ciclo, uma verdade emerge como cristalina e transparente:
Esta comissão é filha das mesmas famílias políticas que formaram e apoiaram a comissão Barroso.
Não há aqui mudança nenhuma, senão de caras – e mesmo aí, nem todas. Só há continuidade.
Continuidade nas políticas, ditas de ajustamento, que violam direitos humanos fundamentais; no desemprego nunca visto, nos intoleráveis níveis de pobreza, nas desigualdades crescentes.
Continuidade nas reformas estruturais, que visam nivelar por baixo as condições de vida e de trabalho na Europa.
Continuidade no ataque aos serviços públicos e às funções sociais dos Estados.
Continuidade no favorecimento dos grandes grupos económicos – aqueles cujas organizações representativas antecipam nos seus documentos estratégicos o que será a produção legislativa da comissão europeia.
Continuidade no ataque à democracia e à vontade soberana dos povos, através de instrumentos como o Tratado Orçamental e o semestre europeu.
Esta é uma comissão associada a tudo o que de pior vivemos nos últimos anos. Esta comissão é passado, não é futuro.
Só a vontade, a mobilização e a luta dos trabalhadores e dos povos poderá romper com esta continuidade e forçar a verdadeira mudança.