A resolução lamenta o atraso na execução das três directivas que compõem o chamado primeiro pacote ferroviário, por parte de diversos Estados-Membros, considerando que este atraso "impede a lealdade da concorrência no mercado ferroviário".
Denuncia-se assim, uma vez mais, o real objectivo deste pacote: abrir o transporte ferroviário, nomeadamente de mercadorias, à concorrência e aos interesses privados, como primeiro passo para a liberalização total do sector ao nível da UE.
Cabe aos Estados decidirem em que áreas devem exercer as suas funções sociais através de serviços públicos, bem como decidirem sobre a forma de organização desses serviços públicos. Esta é uma escolha soberana dos povos, que deve ser respeitada. Rejeitamos por isso toda e qualquer forma de imposição anti-democrática de medidas contrárias ao interesse dos povos - como a que esta resolução claramente corporiza.
A liberalização é causa e não solução dos principais problemas no sector ferroviário, sendo de destacar a qualidade e acessibilidade do serviço e os direitos dos trabalhadores. Importa travar e inverter as persistentes políticas de desmantelamento e atrofiamento do sector público de transportes, tendo em vista a sua entrega às lógicas de lucro dos grandes interesses privados. Sobretudo tratando-se este de um sector estratégico para o futuro, por razões de ordem energética e ambiental.