Pergunta ao Governo

Inauguração da variante de Alcácer com comboio Alfa Pendular

Inauguração da variante de Alcácer com comboio Alfa Pendular

Tomámos conhecimento da notícia divulgada no jornal “Público” desta semana, segundo a qual «o Governo fez a CP deslocar no domingo um comboio Alfa Pendular vazio de Lisboa a Alcácer do Sal para a inauguração da variante ferroviária, ao mesmo tempo que meia centena de automóveis com convidados e jornalistas faziam o mesmo trajecto por estrada. A cerimónia incluiu um passeio de comboio no novo troço de 29 quilómetros, tendo a composição regressado a Lisboa novamente vazia. Na cerimónia da inauguração da variante de Alcácer podia contar-se cerca de meia centena de automóveis no exterior e entre 80 e 100 pessoas na sala. (…) A inauguração desta variante de 29 quilómetros à Linha do Sul ocorreu uma semana depois de aquele troço ter sido aberto à circulação pela segunda vez (em Outubro, este troço tinha estado 15 dias a funcionar devido a um descarrilamento que interditou a Linha do Sul em Alcácer durante aquele período de tempo) e poucos dias depois de o Governo ter anunciado importantes cortes no serviço ferroviário nacional.
Em causa, devido à política de contenção orçamental, está o desaparecimento do serviço regional em 450 quilómetros de vias-férreas e a redução do número de comboios nas Linhas do Douro, Minho, Beira Alta, Beira Baixa e Algarve. Também as linhas suburbanas de Lisboa e do Porto vão sofrer reduções na oferta à noite e aos fins-de-semana.»
Tendo em conta que o jornalista que noticiou este facto se dirigiu às empresas envolvidas nesta inauguração (CP e REFER), procurando obter esclarecimentos que não foram prestados, apesar de pertinentes e importantes, importa conhecer as explicações para esta situação, tanto mais que ela surge num contexto em que a “contenção” e os “cortes de despesa” têm sido usados para todo o tipo de ameaças aos direitos dos trabalhadores e utentes do transporte ferroviário.
Assim, ao abrigo do disposto na alínea d) do Artigo 156.º da Constituição da República Portuguesa e em aplicação da alínea d), do n.º 1 do artigo 4.º do Regimento da Assembleia da República, pergunto ao Governo, através do Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, o seguinte:
1. Por que motivo não foi utilizado o comboio para aquela inauguração ferroviária, uma vez que o próprio discurso político colocava a tónica neste modo de transporte como mais económico e amigo do ambiente?
2. Quais os custos da deslocação do Alfa Pendular em vazio de Lisboa a Alcácer e volta, em simultâneo com a utilização de todos os automóveis do Estado e das empresas do Sector Empresarial do Estado que foram mobilizados para esta inauguração?

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