A União Económica e Monetária privou os Estados da zona euro da política monetária. Os dogmas da ortodoxia monetarista limitam-lhe fortemente a política orçamental e fiscal.
São instrumentos fundamentais para adequar as políticas públicas às necessidades e anseios de cada país e de cada povo. Que são, evidentemente, diversas, porque diversa é a sua situação.
Agora, pretendem retirar do controlo dos Estados a supervisão e regulação do sector financeiro. Fundamental para o financiamento das economias dos países, este sector deixaria de estar sob alçada dos Estados - e por isso sujeito ao controlo e escrutínio público, democrático - para passar a estar sob controlo do BCE. Instituição que, em nome de uma mirífica independência, tem cumprido o triplo papel de lançar os Estados nas garras dos especuladores financeiros, reduzir os custos de refinanciamento do grande capital e promover a exploração do trabalhador, por via da compressão dos salários.
Esta falsa independência é verdadeiramente uma dependência total do sistema financeiro e dos seus interesses predadores.
Paulatinamente, os povos vão sendo privados de instrumentos fundamentais para a determinação do seu futuro, para a concretização dos seus anseios e aspirações, sem que sejam chamados a pronunciar-se. Vai-se acentuando assim o clamoroso confronto desta UE com a democracia.