Este acordo revela de forma exemplar o poderio das multinacionais e o papel da OMC como fórum de defesa dos seus interesses. Revela-nos também, mais uma vez, como a União Europeia se assume igualmente como um instrumento ao serviço dos interesses dos monopólios transnacionais.
Com este acordo, as multinacionais americanas que já hoje controlam mais de 80% do comércio mundial de bananas - interesses que a Comissão assumiu pretender "tranquilizar" com este acordo - verão ainda mais alargada a sua quota de mercado. É sobre estas multinacionais que pendem acusações e denúncias de violações dos direitos humanos, de expropriação de terras a populações indígenas e de promoção de condições de trabalho próximas da escravatura. Tudo para promoverem modelos de produção intensiva ambientalmente insustentáveis.
Em contrapartida, o acordo - como assume a própria relatora - colocará em causa a sobrevivência de milhares de pequenos e médios produtores, seja dos países ACP seja de países europeus.
No altar do livre comércio continuam a sacrificar-se os pequenos e médios produtores, direitos sociais e laborais e a preservação do ambiente, transformados em meros verbos de encher no discurso oficial, todos os dias espezinhados na prática, como mais uma vez constatamos.