Esta proposta de regulamento não vem resolver os problemas actualmente registados neste sector. Milhares de explorações leiteiras continuam a encerrar, com o preço do leite pago à produção a não compensar os elevados custos de produção.
É uma ilusão pensar-se que este regulamento - cujos pressupostos assentam na mirífica ideia da convivência pacífica entre o leão e o cordeiro - vai resolver os problemas criados pela decisão de eliminar as quotas leiteiras, que determinou o seu aumento, visando a dita "aterragem suave" - que tem sido tudo menos suave para milhares e milhares de agricultores.
O que se impõe é a reversão da decisão de acabar com as quotas de produção em 2015, adaptando-as às necessidades de casa país e ao nível relativo de desenvolvimento da sua capacidade produtiva (permitindo a evolução relativa dos Estados-membros mais deficitários).
É lamentável o artifício argumentativo usado pelo Comissário, dizendo que a crise leiteira de 2009 ocorreu com o regime de quotas em vigor, o que demonstra a sua inutilidade. Na verdade, a crise decorre de uma situação que, em certa medida, já antecipa o fim das quotas, tendo em conta a decisão de as aumentar. Assim, a crise é o resultado da decisão de acabar com as quotas e não o contrário!