Declaração de voto de João Ferreira no Parlamento Europeu

Roteiro de transição para uma economia hipocarbónica competitiva em 2050

Este relatório é paradigmático da abordagem mercantil que tem presidido à reclamada transição para uma economia hipocarbónica.
A reafirmação da crença no comércio de emissões, não obstante a sua perversidade e ineficácia, largamente demonstradas; a focalização excessiva na questão das fontes energéticas, sem dar a devida atenção aos padrões de consumo e ao modelo económico que lhes subjaz - são algumas das deficiências e fragilidades mais evidentes deste relatório.

São insuficientemente abordadas questões como os modelos de produção e de comércio vigentes, o livre comércio e os seus impactos na deslocalização da produção, face ao consumo, e nos fluxos e padrões de consumo energético.

No domínio dos transportes, por exemplo, a defesa dum sistema de transportes públicos moderno, eficiente, com ampla cobertura e baixos preços para a população - tudo ao contrário do que está neste momento a ser feito, por exemplo, em Portugal, ao abrigo do programa FMI-UE - cede lugar ao mercado, à liberalização e às taxas, nos diversos modos de transporte.

A focalização no transporte individual (certamente do agrado da indústria automóvel), a defesa do "céu único europeu" e da inclusão do sector no regime de comércio de emissões, constituem exemplos elucidativos da abordagem que inspira todo o relatório.
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