A resolução aborda o problema pertinente das emissões antropogénicas de gases para a atmosfera, que não o dióxido de carbono, susceptíveis de interferir com o clima terrestre. A atenção quase exclusiva dada ao dióxido de carbono tem contribuído para obnubilar, seja na percepção pública, seja ao nível da iniciativa política, a realidade de que outros compostos podem contribuir para o chamado efeito de estufa. Essa atenção é certamente instrumental, para viabilizar as chamadas "soluções de mercado", como o mercado do carbono, e alimentar os poderosos interesses que se perfilam para dominar mais este negócio.
Esta resolução tem indiscutivelmente esse mérito: chamar a atenção para as consequências de outros poluentes e para a necessidade de tomar medidas para o seu controlo. Metano (CH4), óxido nitroso (N2O), hidrofluorocarbonos (HFC), perfluorocarbonos (PFC), hexafluoreto de enxofre (SF6), hidrocarbonetos halogenados com elevado potencial de aquecimento global, carbono preto (fuligem) - são alguns desses poluentes.
A referência, ainda que tímida, a soluções que não as chamadas "de mercado" (e aos seus resultados positivos) é igualmente importante e deve ser valorizada. Assim como a referência à utilização indevida dos mecanismos de flexibilidade do Protocolo de Quioto, como o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).
Por estas razões votámos favoravelmente a resolução.