Dizia alguém que permitir o domínio da política pelo capital financeiro (pelo "dinheiro organizado") é mais perigoso do que confiar o governo do mundo ao crime organizado.
A frase ilustra bem a realidade actual.
As agências de notação foram e são peças centrais do gigantesco processo de extorsão de recursos aos trabalhadores e aos povos dos países periféricos, nomeadamente por via da especulação sobre as respectivas dívidas soberanas.
Processo que tem tido na UE e nas suas instituições cúmplices fiéis.
O BCE contribuiu e contribui para lançar estes países nas garras dos especuladores. Ao exigir a bênção das agências de notação nos títulos acolhidos como colaterais dos empréstimos concedidos, reconheceu a autoridade do "dinheiro organizado". Outra coisa não seria de esperar de quem está, afinal de contas, ao seu serviço, sob a capa de uma falsa independência.
A questão essencial, que aqui não é abordada, é a da necessidade de controlo público, democrático, de todo o sistema financeiro, como condição para o pôr ao serviço da economia e do desenvolvimento, da melhoria das condições de vida dos povos.