Declaração de Paulo Raimundo, Secretário-Geral do PCP, Conferência de Imprensa

Sobre a reunião do Comité Central do PCP de 20 de Maio de 2025

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Ainda que não esteja finalizado todo o processo eleitoral, a composição da Assembleia da República regista uma evolução negativa marcada pelo crescimento da AD (PSD e CDS), do Chega e da IL.

Independentemente dos arranjos que se venham a verificar entre estas forças, o novo quadro institucional comporta o perigo real da intensificação da concretização da agenda retrógrada, neoliberal e anti-popular.

O resultado obtido pela CDU assume desde logo um importante significado de resistência e contraria os múltiplos vaticínios dos que confundem desejos com a realidade.

Em geral os resultados eleitorais do passado domingo criam uma situação com novas exigências.

Perante esta realidade não são aceitáveis entendimentos com a direita e as suas concepções reaccionárias, retrógradas e antidemocráticas e dar suporte à sua política anti-popular.

O que se impõe neste momento é resistir e dar combate de forma determinada à agenda em curso e que vão procurar intensificar.

As eleições não resolveram, pelo contrário, criaram ainda mais condições para acentuar a instabilidade da vida.

Parte significativa dos que deram o seu voto à direita são em grande medida os primeiros e as principais vítimas da sua política.

Como afirmámos por várias vezes, não há estabilidade com a instabilidade da vida, os resultados eleitorais e a sua expressão institucional não legitimam opções erradas e contrárias às respostas que se impõem em prol da vida da maioria.

Este é o momento para tudo fazer para travar o desmantelamento do SNS, o assalto à Segurança Social, alterações às leis laborais e as privatizações.

Este é o tempo de combate à política de baixos salários e pensões, de ataque aos direitos dos trabalhadores e aos serviços públicos, de negação do direito à habitação, de mais e mais injustiças e favores ao capital, de submissão nacional e corrida aos armamentos.

Perante justos receios e inquietações que trespassam desde domingo amplos sectores democráticos face aos resultados eleitorais, este não é o momento de esperar para ver, de encolhimentos ou de ilusões.

Este é o tempo dos democratas e dos patriotas assumirem o caminho da resistência e da luta contra o retrocesso e abrir o caminho de que Portugal precisa.

Fazemos um apelo para que todos se empenhem neste combate e nesta resposta, para defender direitos, a democracia, a Paz, um apelo em torno da Constituição da República, não apenas na sua defesa mas acima de tudo no seu cumprimento, todos os dias e na vida de cada um.

Este é o tempo de tomar a iniciativa.

Este é o momento para resistir à política em curso ao serviço dos grupos económicos, das multinacionais e submissa aos interesses e ditames da UE e afirmar uma política alternativa assente não em proclamações ou programas mínimos, mas sim uma política de ruptura ao serviço da maioria, de quem trabalha, dos reformados, da juventude e por um País soberano.

É aqui e para aqui que se exige clarificação e convergência.

O caminho não é a diluição mas sim a afirmação da alternativa que se impõe, uma afirmação clara, de coragem, que dê perspectivas aos trabalhadores, às massas populares e à juventude, a todos os que justamente têm razões para estar descontentes e sem esperança.

A luta dos trabalhadores, do povo e da juventude não vai permitir que se arrasem os seus direitos e se faça regredir o País a partir da imposição do neoliberalismo e a acção reaccionária.

Perante a situação, o PCP toma a iniciativa em torno daquilo que verdadeiramente importa na vida de cada um, salários, pensões, saúde, habitação, educação, custo de vida, direitos das crianças e dos pais, das mulheres, da juventude, pelo ambiente; toma a iniciativa desenvolvendo a acção com outros democratas e patriotas; toma a iniciativa com a realização nos próximos dias de quatro comícios; vai desenvolver em Junho a acção “mais salários e pensões, para uma vida melhor”; está em plena preparação das eleições autárquicas com a afirmação e alargamento do projecto autárquico da CDU, a grande força unitária e popular assente na consigna «trabalho, honestidade e competência»; já na próxima semana divulgará o programa cultural da Festa do Avante!.

Como afirmámos em toda a campanha, cada voto na CDU conta e é um factor de resistência e de esperança. O PCP não fica à espera e toma a iniciativa com o combate corajoso à direita e ao seu projecto.

É este o nosso posicionamento claro e determinado.

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