Intervenção de Paulo Raimundo na Assembleia de República, Debate sobre o estado da Nação

A propaganda do Governo não apaga a realidade: a vida está difícil e o País está preso por arames

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Nós estamos a discutir o Estado da Nação, a discutir a vida das pessoas, a vida difícil, a realidade concreta e permita-me Sr. Presidente esta observação àqueles que estão a trabalhar a esta hora, a pôr o País a funcionar, a produzir, a criar a riqueza, a pôr a economia a funcionar com vidas difíceis terem de assistir a um triste espectáculo como aquele que assistimos aqui há pouco é tudo menos contribuir para resolver a vida das pessoas. 

Em que estado está a nação quando grávidas e crianças, se deparam com serviços de saúde e urgências fechadas?

Em que estado está a nação quando faltam médicos, enfermeiros, técnicos e outros profissionais no Serviço Nacional de Saúde, e o seu governo não toma uma única medida estrutural para resolver este problema.

E, não vale vir dissertar sobre o que está aberto, o que se lhe exige é resolver a situação no Barreiro, Setúbal, Almada, Vila Franca de Xira, da zona Oeste, Chaves e tantos outros locais.  

Sr. primeiro-ministro a vida das pessoas e o país real passa ao lado da bolha onde vive.  

Para si cada problema é uma oportunidade para servir os grupos económicos e as multinacionais.

Por cada serviço do SNS que encerra ou limita, é mais um negócio da doença à custa dos nossos bolsos.

Quer privatizar a TAP, permitir a venda do BES / Novo Banco, um crime pelo qual nem pestanejou perante os mais de seis mil milhões de euros de prejuízos para o País.

Tem saudades dos tempos da troika, quer ainda mais precariedade, mais horas e mais tempo de trabalho, mais ataques aos direitos dos trabalhadores, quer abrir caminho ao assalto à segurança social.

Acusa outros de arrogância, mas foi o Sr. primeiro-ministro que ontem mesmo desprezou as dificuldades dos pequenos viticultores do Douro assim como o já tinha feito com investigadores, bolseiros e cientistas.

A sua propaganda e os muitos meios ao seu dispor, não apagam a realidade: a vida está difícil o país está preso por arames. 

É o custo de vida que aumenta, é assim nos alimentos, na energia, nos medicamentos. 

É o drama social do acesso à habitação, os despejos desumanos que não param como vimos esta semana. 

É um ano lectivo que se vai iniciar sem vagas na creche, no pré-escolar e sem os professores necessários.

São os salários baixos, a precariedade, as reformas que não chegam, é a vida difícil para a maioria, e os tais, que se acham donos disto tudo e a quem a sua política serve e de que maneira.

Para estes é tudo à grande, apoios, benesses, benefícios, concentração da riqueza e transferências para paraísos fiscais.

Sobre isto nem um pio do seu governo nem dos que viabilizam a sua política.

A sua estratégia está clara, está com muita pressa e com uma arrogância que lhe vai rebentar nas mãos.

Utilizar a extrema-direita como se fosse um abre latas.

A extrema-direita abre o caminho e o seu governo concretiza, uma opção que seguramente envergonha até muita gente do seu partido.

Dividem as tarefas, simulam quando necessário uns arrufos, e no fim servem todos os mesmos financiadores. 

Este é um caminho que não responde à necessidade do País, é um caminho que não responde à realidade da vida das dificuldades de quem cá vive e cá trabalha e é um caminho que nós não aceitaremos e daremos combate e estamos certos que o povo, os trabalhadores e em particular a juventude voltará a romper com a sua política e com este caminho.

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