Senhora Presidente, Senhora Comissária Šuica,

Este novo pacto para o Mediterrâneo é uma nova roupagem para a velha perspetiva com que a União Europeia olha para o Mediterrâneo, como um espaço que ambiciona controlar política, económica e militarmente, procurando dominar os seus mercados e explorar os seus recursos.

Esta é a perspetiva que serve, naturalmente, os grupos económicos e financeiros, as transnacionais, mas não serve nem os povos dos países que integram a União Europeia, nem os restantes povos do Mediterrâneo.

Aliás, a natureza da política que está por detrás deste pacto está bem refletida na posição de cumplicidade que ao longo dos últimos 30 anos — apenas para manter a referência do aniversário do processo de Barcelona — a União Europeia tem tido com a ocupação da Palestina e a opressão do povo palestiniano, nomeadamente com o genocídio em Gaza, que neste momento está à vista do mundo inteiro, e também com a ocupação do Sara Ocidental e a opressão do povo sarauí por Marrocos.

É essa natureza dessa política que não serve nem aos povos que integram a União Europeia, nem aos povos do Mediterrâneo, que está também traduzida na política migratória, e de nada serve o anúncio destes pactos se a natureza dessa política não se alterar.