Senhor Presidente, Senhor Comissário Serafin,
A revisão intercalar do atual Quadro Financeiro Plurianual acentuou o desvio de recursos orçamentais para o militarismo e a guerra e para a política de expulsão de migrantes para fora das fronteiras, desprezando as necessidades dos povos e do desenvolvimento nacional.
Esta proposta de orçamento da União Europeia para 2026 reflete essas opções e aprofunda‑as, deixando ainda mais para trás a resposta aos reais problemas de cada país e de cada povo.
Fora das prioridades e objetivos do orçamento ficam questões como o acesso à habitação, a coesão social, o combate à pobreza, a melhoria dos salários e das condições de vida, o investimento nos serviços públicos para garantir o acesso à saúde, à educação, à proteção social, aos transportes ou à cultura, o apoio a políticas nacionais de aproveitamento das capacidades e recursos produtivos, o equilíbrio ambiental e ecológico.
Em sentido contrário, o militarismo, a guerra, o negócio do armamento e o favorecimento das multinacionais absorvem a fatia de leão do orçamento da UE.
Para contornar o desagrado dos povos, dissimula‑se a injusta e desigual repartição dos recursos orçamentais que deviam estar ao serviço dos povos.
Exemplo disso são as verbas da coesão que, inscritas na rubrica da coesão, ficam ainda mais curtas para esses objetivos, porque passam agora também a servir para financiar o militarismo designado de defesa e segurança. Até para a mobilidade militar se admite a possibilidade de utilização das verbas da coesão.
Este não é um orçamento de progresso, de desenvolvimento nem de justiça social. É um orçamento de retrocesso e de agudização das desigualdades e das injustiças.